Publicado por: Adriane Viapiana Bossa
Data: 04/05/25
Em uma época em que ciência e misticismo caminhavam lado a lado, um dos maiores pensadores do século XVII dedicou-se a desvendar um dos fenômenos mais intrigantes da natureza: o magnetismo. Esse homem era Athanasius Kircher (1602-1680), um polímata jesuíta que deixou sua marca na história com o livro Magnes sive de Arte Magnetica (1641).
Kircher explorou o magnetismo não apenas como um fenômeno físico, mas como uma força oculta que governava o universo, conectando desde os ímãs até o movimento dos planetas e até mesmo influenciando a alma humana. O que ele descobriu? O que ele errou? E como seu trabalho influenciou o pensamento científico e filosófico da época? Vamos mergulhar nessa fascinante história.
Athanasius Kircher: O Último Homem que Sabia Tudo?
Athanasius Kircher nasceu em 1602, na Alemanha, e ingressou na Companhia de Jesus, tornando-se um dos maiores eruditos de seu tempo. Com um interesse insaciável por astronomia, óptica, biologia, arqueologia e até linguística, Kircher escreveu sobre uma ampla gama de temas, incluindo a decifração dos hieróglifos egípcios (onde errou bastante) e estudos sobre vulcões.
No entanto, um dos seus maiores legados foi seu estudo sobre o magnetismo. Em uma época em que a ciência moderna ainda estava se desenvolvendo, Kircher tentou entender essa força invisível que parecia desafiar as leis conhecidas da natureza.
O Livro que Buscou Explicar o Magnetismo
Magnes sive de Arte Magnetica foi publicado em 1641 e reuniu experimentos, teorias e especulações sobre a influência dos ímãs em diversos fenômenos. O livro explorava o magnetismo não apenas como um fenômeno físico, mas também em suas possíveis aplicações médicas, cosmológicas e até espirituais.
Principais Ideias do Livro:
- A Terra como um Ímã
Kircher reconheceu que o planeta Terra possuía propriedades magnéticas, uma ideia já sugerida por William Gilbert no século anterior. No entanto, ele interpretou essa força de maneira diferente, sugerindo que os polos magnéticos terrestres estavam alinhados com forças cósmicas que mantinham o equilíbrio do universo. - Refutação ao Heliocentrismo Na época, cientistas como Kepler e Galileu usavam o magnetismo para defender a ideia de que o Sol exercia uma força magnética sobre os planetas, explicando suas órbitas. Kircher, sendo um jesuíta e defensor do geocentrismo, rejeitou essa visão e argumentou que o magnetismo não poderia ser responsável pelo movimento dos corpos celestes.
- O Magnetismo e a Comunicação à Distância Uma das ideias mais curiosas do livro foi a proposta de um sistema de comunicação magnética. Kircher imaginou um dispositivo em que letras do alfabeto estariam conectadas magneticamente, permitindo que uma pessoa movesse um marcador em um local e esse movimento fosse replicado à distância. Uma espécie de “telegrafia magnética” primitiva!
- O Uso do Magnetismo na Medicina Na época, existia a crença de que certas substâncias magnéticas poderiam curar feridas e doenças. Kircher investigou esses relatos e tentou separar o que era superstição do que poderia ser real. Ele também estudou o fenômeno do tarantismo, onde pessoas acreditavam que a música poderia curar picadas de aranhas venenosas, interpretando isso como um tipo de “magnetismo” da música sobre o corpo humano.
- Forças Ocultas e Magnetismo da Alma Como muitos estudiosos renascentistas, Kircher via o magnetismo como uma força universal, conectando não apenas objetos físicos, mas também influenciando emoções, pensamentos e até a alma humana. Ele acreditava que o amor, a simpatia e até a atração entre as pessoas poderiam ser formas de magnetismo.
O Legado de Kircher e o Magnetismo Moderno
Embora muitas das ideias de Kircher sobre o magnetismo tenham sido refutadas com o avanço da ciência, seu livro foi uma contribuição importante para o estudo da eletricidade e do magnetismo.
Ele inspirou outros pesquisadores e ajudou a popularizar o estudo desse fenômeno antes das descobertas de Faraday e Maxwell, que estabeleceram as bases do eletromagnetismo moderno.
Além disso, Magnes sive de Arte Magnetica mostra como o magnetismo sempre despertou a curiosidade humana, sendo interpretado de diferentes formas ao longo da história—ora como uma força mágica, ora como um princípio fundamental da natureza.
O Magnetismo Continua a Fascinar
Athanasius Kircher pode ter cometido erros em suas interpretações, mas seu livro continua sendo uma peça fascinante da história da ciência e do pensamento filosófico. O magnetismo, que ele tentou entender séculos atrás, ainda é um campo repleto de descobertas, sendo aplicado hoje na medicina, na tecnologia e nas terapias bioenergéticas, como o Biomagnetismo Medicinal.
O que será que Kircher pensaria se visse como o magnetismo é utilizado atualmente? Talvez ficasse maravilhado ao saber que ele não apenas influencia a matéria, mas também pode ser usado para equilibrar a saúde humana—algo que ele suspeitava, mas nunca conseguiu comprovar.
Se você gostou dessa história e quer explorar mais curiosidades sobre o magnetismo e suas aplicações na saúde, continue acompanhando o blog do Instituto Par Magnético (IPM)!